terça-feira, 21 de junho de 2011

A TECNOLOGIA DO ABRAÇO: por um matuto mineiro

O matuto falava tão calmamente, que parecia medir, analisar e meditar sobre cada palavra que dizia...
- É... das invenção dos homi, a que mais tem sintido é o abraço.
O abraço num tem jeito di um só aproveitá! Tudo quanto é gente, no abraço, participa uma beradinha...
Quandu ocê tá danado de sodade, o abraço di arguém ti alivia...
Quandu ocê tá cum muita reiva, vem um, ti abraça e ocê fica até sem graça di continuá cum reiva...
Si ocê tá feliz e abraça arguém, esse arguém pega um poquim da sua alegria...
Si arguém tá duente, quandu ocê abraça ele, ele começa a miorá, i ocê miora junto tamém...
Muita gente importante e letrado já tentô dá um jeito de sabê purquê qui é, qui o abraço tem tanta tequilonogia, mas ninguém inda discubriu... Mas, iêu sei!
Foi um ispirto bão de Deus qui mi contô..... Iêu vô contá procêis u qui foi quel mi falô:
O abraço é bão pur causa do Coração...
Quandu ocê abraça arguém, fais massarge no coração!...
I o coração do ôtro é massargiado tamém! Mas num é só isso, não...
Aqui tá a chave do maió segredo de tudo:
É qui, quandu nois abraça arguém, nóis fica cum dois coração no peito!...



INTONCE...
UM ABRAÇU PRÔ CÊ!!!!

(autor desconhecido).

sexta-feira, 17 de junho de 2011

A Respiração pela Bioenergética

Como comentei na postagem 'A Psicologia e a Dança de Salão' vou aproveitar o espaço do Blog para compartilhar alguns temas da Psicologia, principalmente da Psicologia Corporal, que estou especializando, que de alguma forma influenciam na expressão da dança. O primeiro assunto é sobre a respiração. Uma respiração deficiente gera pouca energia para o corpo, um corpo com pouca energia fica limitado em suas expressões e sensações, limitado na dança e na vida.



Uma boa respiração é fundamental para uma saúde vibrante. Para produzirmos a energia que mantém nosso corpo vivo um dos ingredientes essenciais para esse metabolismo é o oxigênio, que adquirimos através da respiração. Quanto mais oxigênio mais quente é o fogo do metabolismo e por conseqüência produz mais energia. 

A respiração não é uma coisa que deveríamos estar consciente. Um animal ou uma criança pequena respiram corretamente sem precisarem de instrução ou ajuda. Os adultos, porém, tendem a apresentar padrões desorganizados de respiração, devido a tensões musculares que distorcem e limitam sua respiração. Essas tensões são o resultado de conflitos emocionais que se desenvolveram ao longo do seu crescimento. 

A respiração saudável é uma ação do corpo todo, todos os músculos estão envolvidos, em algum grau. Isto é especialmente verdadeiro para os músculos pélvicos profundos que giram suavemente a pelve para trás e para baixo durante a inspiração, para alargar o ventre, e então giram-na para frente e para cima, a fim de diminuir a cavidade abdominal durante a expiração. Este movimento da pelve para frente é auxiliado pela contração dos músculos abdominais. A expiração, contudo, é um processo basicamente passivo, melhor exemplificado por um suspiro. 

Devemos pensar em movimentos respiratórios como ondas. A onda inspiratória começa fundo na pelve e flui para cima, até a boca. À medida que vai subindo, as cavidades largas do corpo se expandem para sugar o ar. Estas cavidades incluem o abdômen, o tórax, a garganta e a boca. A garganta é especialmente importante, se a pessoa não a expandir na inspiração, não pode respirar. Num grande numero de pessoas, no entanto, ela está severamente contraída ou comprimida para abafar sensações e sentimentos, particularmente a vontade de chorar e gritar. 

Em algumas pessoas, quando o peito se expande na inspiração, a barriga está contraída para dentro. Isto produz um grave distúrbio, apesar do considerável esforço envolvido na expansão do tórax rígido, a pessoa obtém pouco ar, já que o movimento descendente dos pulmões está bloqueado. Mais comumente, os movimentos respiratórios estão limitados à área do diafragma, com pouco envolvimento do abdômen e do tórax. Está é uma típica respiração superficial. Algumas vezes acontecem certos movimentos abdominais, mas o peito mantém-se rigidamente contido. 

O abdômen contraído inibe a sexualidade e suprime sentimentos de tristeza. Contraímos nossa barriga para dentro para controlar nossas lágrimas e soluços, se a soltássemos, estaríamos sujeitos a ter uma verdadeira crise de choro, mas também abrimos a possibilidade de uma verdadeira gargalhada. Seja chorando ou rindo, é na barriga que experienciamos a vida a um nível visceral. É aqui que a vida é concebida e desenvolvida, onde os nossos mais profundos desejos têm origem. Se desejar suprimir seus sentimentos, mantenha a barriga tensa, mas, neste caso, precisará aceitar o fato de não ser uma pessoa vibrantemente viva. E se sentir um vazio interno, perceba que está bloqueando sua própria plenitude de ser.

A onda expiatória começa na boca e flui para baixo. Quando ela alcança a pelve, esta estrutura move-se suavemente para frente. A expiração induz ao relaxamento de todo o corpo. Você libera o ar retido nos pulmões e, neste processo, libera toda e qualquer outra retenção. As pessoas que tem medo de se soltar apresentam dificuldades para uma expiração. Mesmo depois de uma expiração forçada, seu peito permanece um pouco inflado.

O peito inflado é uma defesa contra um sentimento de pânico, ao qual está relacionado ao medo de não ser capaz de conseguir ar suficiente. O peito inflado retém uma larga reserva de ar, como medida de segurança. A pessoa tem medo de sair desta segurança ilusória. Por outro lado, as pessoas que têm medo de ir ativamente ao encontro do mundo, têm dificuldade de inspirar. Elas podem se sentir aterrorizadas ao abrirem suas gargantas para uma inspiração profunda. 

A respiração também está vinculada à voz. Para produzir um som você precisa deslocar o ar através da laringe, e durante a emissão de um som pode-se ter certeza da respiração. Infelizmente muitas pessoas são inibidas a emitir um som alto. Algumas são vítimas do adágio segundo o qual crianças devem ser vista, mas não ouvidas, outras, sufocaram seu choro e seu grito para não gerar uma reação hostil dos pais e, muitas desenvolveram problemas porque foram severamente advertidas, enquanto crianças, a ficarem quietas. Sufocar estes sons produz uma severa constrição na garganta que limita seriamente a respiração. A negação, à criança, do direito de uso da própria voz pode levar à imagem de pessoas sem voz ativa em seus próprios assuntos. 

Todo distúrbio da respiração natural é devido a padrões inconscientes de contenção ou tensões musculares. A Bioenergética não trata de fazer você respirar, mas deixar que você respire. A respiração natural que é fácil, profunda e espontânea. Existem dois mandamentos no trabalho, não prender a respiração. Deixar-se respirar, perceber quando não se está respirando. Se você tornar-se consciente que está prendendo sua respiração, dê um suspiro. O outro mandamento é emitir um som. Permita-se ser ouvido. Se você der um suspiro, faça-o audível. 


Referência Bibliográfica: Exercícios de Bioenergética – O Caminho Para Uma Saúde Vibrante – Alexander Lowen e Leslie Lowen. Ed. Ágora.

A Psicologia e a Dança de Salão

Antes de me tornar professor, quando era apenas um praticante de Danças de Salão sem maiores pretensões, comecei a perceber que o corpo enquanto dançava passava sinais de como era o comportamento da pessoa fora dos salões, no seu dia-a-dia. Como afirma a forte expressão e o famoso livro, 'o corpo fala', então comecei a ouvi-lo, sem grandes aprofundamentos ou avaliações, apenas percebia algumas características da dama a qual estava dançando, como independência, insegurança, auto-controle, dificuldade de contato, de entrega, entre outros, e aquilo me despertou um interesse.

Tive a idéia de fazer uma parceria com uma psicóloga para estudarmos o assunto, cheguei a conversar com algumas amigas profissionais e estudantes da área, elas achavam interessante, mas até então nada colocado em prática.

Quando comecei a lecionar, observei que era difícil conseguir alguns resultado com certos alunos, como correção de postura, desinibição, segurança, condução, resposta, entrega, ritmo e tantos outros. Muitas vezes eles até desenvolviam a ideia enquanto exercício, mas não conseguiam a deixar natural. Então comecei a me questionar se era só uma questão de didática ou se tinha algo a mais, se tinha alguma influência psicológica. A segunda hipótese me pareceu certa. E aí estava a psicologia me rodeando novamente.

Num dos forrós da vida, encontro uma amiga que não a via há um tempo. Ela estava terminando a graduação em psicologia e idealizando uma especialização em Psicodrama. Comentei com ela minha antiga ideia de estudo, até para quem sabe ela ser minha parceira nesta empreitada, pois além do conhecimento em psicologia ela também dança, mas sua ausência de tempo disponível adiaria mais uma vez minha ideia. Ou não.

Ter relembrado novamente esta ideia me fez ficar pensando a respeito, até que me veio o insight: eu mesmo vou estudar psicologia e desenvolver esta pesquisa!

Como não tinha 'paciência' para cursar mais uma faculdade, decidi por fazer uma especialização. Uma ex-namorada se especializou em Psicologia Corporal, enquanto estávamos juntos ela sempre comentava algo a respeito e eu me interessava, então fui pesquisar a respeito. Gostei! Tinha tudo a ver com a dança! Restava a instituição. Não gostei muito da forma de trabalho do centro onde ela havia concluído seu curso. Então fui conversar com uma amiga, professora de dança do ventre, que já estava cursando. Ela estava gostando muito e principalmente conseguindo fazer um paralelo entre a Psicologia e a Dança. Ela me indicou a instituição onde estudava. Entrei em contato, marquei a entrevista. Amei o lugar, as pessoas e principalmente como acolheram e apoiaram meu objetivo (opa, agora já era mais que ideia) de conciliar a Psicologia e a Dança de Salão. Fiz minha matrícula.

Agora estou na metade do segundo ano da Especialização em Psicologia Corporal no Instituto Reichiano, ainda tenho mais um ano e meio de curso. Não pretendo atuar na clínica, também não posso, pois como não sou graduado em Psicologia, não posso tirar CRP (credencial no conselho). Meu objetivo é entender o comportamento humano e, aprender e desenvolver formas de trabalho, para ajudar os alunos e dançarinos e se desprenderem das limitações que desenvolveram durante a vida, uma forma de ajudá-los a se libertarem através da dança.

Ainda não desenvolvi uma linha de trabalho com a utilização da Psicologia no auxilo à Dança de Salão, mas também não tenho pressa, pois ainda tenho meio curso pela frente, muito estudo e pesquisa. Algumas coisas já venho experimentando e tenho gostado do resultado. Se tudo der certo, em poucos anos apresento meu estudo a respeito.

Enquanto isso vou aproveitando o espaço do Blog para compartilhar algumas pesquisas a respeito da Psicologia Corporal, nem todas terão um paralelo direto com a Dança de Salão, mas com certeza alguma influência.

terça-feira, 14 de junho de 2011

“Pare de correr porque o fim chega mais depressa"

O texto não fala sobre dança mas tem um conteúdo muito expressivo para nossa vida e por isso resolvi postá-lo aqui. Mas com certeza se colocado em prática sobrará muito mais tempo para atividades de lazer e principalmente para a dança! É uma pena não ter o nome do autor.

Texto escrito por um brasileiro que vive na Europa e trabalha na Volvo.

"Já vai para 18 anos que estou aqui na Volvo, uma empresa sueca.

Trabalhar com eles é uma convivência, no mínimo, interessante.
Qualquer projeto aqui demora 2 anos para se concretizar, mesmo que a idéia seja brilhante e simples. É regra. Então, nos processos globais, nós (brasileiros, americanos, australianos, asiáticos) ficamos aflitos por resultados imediatos, uma ansiedade generalizada. Porém, nosso senso de urgência não surte qualquer efeito neste prazo.

Os suecos discutem, discutem, fazem "n" reuniões, ponderações. E trabalham num esquema bem mais "slow down". O pior é constatar que, no final, acaba sempre dando certo no tempo deles com a maturidade da tecnologia e da necessidade: bem pouco se perde aqui.

E vejo assim:
1. O país é do tamanho de São Paulo;
2. O país tem 2 milhões de habitantes;
3. Sua maior cidade, Estocolmo, tem 500.000 habitantes (compare com Curitiba, que tem 2 milhões);
4. Empresas de capital sueco: Volvo, Scania, Ericsson, Electrolux, ABB, Nokia, Nobel Biocare... Nada mal, não?
5. Para ter uma idéia, a Volvo fabrica os motores propulsores para os foguetes da NASA.

Digo para os demais nestes nossos grupos globais: os suecos podem estar errados, mas são eles que pagam nossos salários.

Entretanto, vale salientar que não conheço um povo, como povo mesmo, que tenha mais cultura coletiva do que eles.

Vou contar para vocês uma breve só para dar noção.

A primeira vez que fui para lá, em 90, um dos colegas suecos me pegava no hotel toda manhã. Era setembro, frio, nevasca. Chegávamos cedo na Volvo e ele estacionava o carro bem longe da porta de entrada (são 2.000 funcionários de carro). No primeiro dia não disse nada, no segundo, no terceiro... Depois, com um pouco mais de intimidade, numa manhã, perguntei: "Você tem lugar demarcado para estacionar aqui? Notei que chegamos cedo, o estacionamento vazio e você deixa o carro lá no final."

Ele me respondeu simples assim: "É que chegamos cedo, então temos tempo de caminhar - quem chegar mais tarde já vai estar atrasado, melhor que fique mais perto da porta. Você não acha?". 

Olha a minha cara! Ainda bem que tive esta na primeira. Deu para rever bastante os meus conceitos.

Há um grande movimento na Europa hoje, chamado Slow Food. A Slow Food International Association - cujo símbolo é um caracol, tem sua base na Itália (o site, é muito interessante. Veja-o!).

O que o movimento Slow Food prega é que as pessoas devem comer e beber devagar, saboreando os alimentos, "curtindo" seu preparo, no convívio com a família, com amigos, sem pressa e com qualidade. A idéia é a de se contrapor ao espírito do Fast Food e o que ele Representa como estilo de vida em que o americano endeusificou.

A surpresa, porém, é que esse movimento do Slow Food está servindo de base para um movimento mais amplo chamado Slow Europe como salientou a revista Business Week numa edição européia.

A base de tudo está no questionamento da "pressa" e da "loucura" gerada pela globalização, pelo apelo à "quantidade do ter" em contraposição à qualidade de vida ou à "qualidade do ser".

Segundo a Business Week, os trabalhadores franceses, embora trabalhem menos horas (35 horas por semana) são mais produtivos que seus colegas Americanos ou ingleses.

E os alemães, que em muitas empresas instituíram uma semana de 28,8 horas de trabalho, viram sua produtividade crescer nada menos que 20%.

Essa chamada "slow atitude" está chamando a atenção até dos americanos, apologistas do "Fast" (rápido) e do "Do it now" (faça já).

Portanto, essa "atitude sem-pressa" não significa fazer menos, nem ter menor produtividade. Significa, sim, fazer as coisas e trabalhar com mais "qualidade" e "produtividade" com maior perfeição, atenção aos detalhes e com menos "stress".
Significa retomar os valores da família, dos amigos, do tempo livre, do lazer, das pequenas comunidades, do "local", presente e concreto em contraposição ao "global" - indefinido e anônimo. Significa a retomada dos valores essenciais do ser humano, dos pequenos prazeres do cotidiano, da simplicidade de viver e conviver e até da religião e da fé. Significa um ambiente de trabalho menos coercitivo, mais alegre, mais "leve" e, portanto, mais produtivo onde seres humanos, felizes, fazem com prazer, o que sabem fazer de melhor.

Gostaria que você pensasse um pouco sobre isso... Será que os velhos ditados "Devagar se vai ao longe" ou ainda "A pressa é inimiga da perfeição" não merecem novamente nossa atenção nestes tempos de desenfreada loucura?
Será que nossas empresas não deveriam também pensar em programas sérios de "qualidade sem-pressa" até para aumentar a produtividade e qualidade de nossos produtos e serviços sem a necessária perda da "qualidade do ser"?

No filme "Perfume de Mulher", há uma cena inesquecível, em que um personagem cego, vivido por Al Pacino, tira uma moça para dançar e ela responde: - "Não posso, porque meu noivo vai chegar em poucos minutos." - "Mas em um momento se vive uma vida" - responde ele, conduzindo-a num passo de tango. E esta pequena cena é o momento mais bonito do filme.

Algumas pessoas vivem correndo atrás do tempo, mas parece que só alcançam quando morrem enfartados, ou algo assim. 

Para outros, o tempo demora a passar; ficam ansiosos com o futuro e se esquecem de viver o presente, que é o único tempo que existe.

Tempo todo mundo tem, por igual! 
Ninguém tem mais nem menos que 24 horas por dia. A diferença é o que cada um faz do seu tempo. Precisamos saber aproveitar cada momento, porque, como disse John Lennon: - "A vida é aquilo que acontece enquanto fazemos planos para o futuro"...

Parabéns por ter lido até o final! 
Muitos não lerão esta mensagem até o final, porque não podem "perder" o seu tempo neste mundo globalizado.

Pense e reflita, até que ponto vale a pena deixar de curtir sua família.
De ficar com a pessoa amada, ir pescar no fim de semana ou outras coisas...
Poderá ser tarde demais!

Saber aprender para sobreviver...
DIVULGUEM AOS AMIGOS !!!"

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Passos aéreos no salão?

Na coluna Dança e Comportamento do site Dança em Pauta a Maristela Zamoner escreveu sobre um assunto muito pertinente sobre a dança de salão nos dias atuais, fala sobre a utilização de passos aéreos durante os bailes, atitude que tem sido muito frequente na prática do Sertanejo Universitário. Concordo com a autora no tema, as pegadas, como também são chamados esse passos, fazem parte da dança de salão, abrilhantam o espetáculo, mas devem ser praticadas com responsabilidade, no local e momento devido e não no meio do baile colocando em risco a si, o parceiro e demais frequentadores.

No artigo a autora foi infeliz ao falar sobre o Lindy Hop sem muito conhecimento de causa, o que gerou muitos comentários e revolta, principalmente de professores de dança, mas isolando o assunto vale apena conferir:

http://www.dancaempauta.com.br/site/artigo/passos-aereos-e-danca-de-salao-ainda-ha-duvida/

Qual a sua opinião a respeito do uso de passos aéreos no salão durante o baile?