Como comentei na postagem 'A Psicologia e a Dança de Salão' vou aproveitar o espaço do Blog para compartilhar alguns temas da Psicologia, principalmente da Psicologia Corporal, que estou especializando, que de alguma forma influenciam na expressão da dança. O primeiro assunto é sobre a respiração. Uma respiração deficiente gera pouca energia para o corpo, um corpo com pouca energia fica limitado em suas expressões e sensações, limitado na dança e na vida.
Uma boa respiração é fundamental para uma saúde vibrante. Para produzirmos a energia que mantém nosso corpo vivo um dos ingredientes essenciais para esse metabolismo é o oxigênio, que adquirimos através da respiração. Quanto mais oxigênio mais quente é o fogo do metabolismo e por conseqüência produz mais energia.
A respiração não é uma coisa que deveríamos estar consciente. Um animal ou uma criança pequena respiram corretamente sem precisarem de instrução ou ajuda. Os adultos, porém, tendem a apresentar padrões desorganizados de respiração, devido a tensões musculares que distorcem e limitam sua respiração. Essas tensões são o resultado de conflitos emocionais que se desenvolveram ao longo do seu crescimento.
A respiração saudável é uma ação do corpo todo, todos os músculos estão envolvidos, em algum grau. Isto é especialmente verdadeiro para os músculos pélvicos profundos que giram suavemente a pelve para trás e para baixo durante a inspiração, para alargar o ventre, e então giram-na para frente e para cima, a fim de diminuir a cavidade abdominal durante a expiração. Este movimento da pelve para frente é auxiliado pela contração dos músculos abdominais. A expiração, contudo, é um processo basicamente passivo, melhor exemplificado por um suspiro.
Devemos pensar em movimentos respiratórios como ondas. A onda inspiratória começa fundo na pelve e flui para cima, até a boca. À medida que vai subindo, as cavidades largas do corpo se expandem para sugar o ar. Estas cavidades incluem o abdômen, o tórax, a garganta e a boca. A garganta é especialmente importante, se a pessoa não a expandir na inspiração, não pode respirar. Num grande numero de pessoas, no entanto, ela está severamente contraída ou comprimida para abafar sensações e sentimentos, particularmente a vontade de chorar e gritar.
Em algumas pessoas, quando o peito se expande na inspiração, a barriga está contraída para dentro. Isto produz um grave distúrbio, apesar do considerável esforço envolvido na expansão do tórax rígido, a pessoa obtém pouco ar, já que o movimento descendente dos pulmões está bloqueado. Mais comumente, os movimentos respiratórios estão limitados à área do diafragma, com pouco envolvimento do abdômen e do tórax. Está é uma típica respiração superficial. Algumas vezes acontecem certos movimentos abdominais, mas o peito mantém-se rigidamente contido.
O abdômen contraído inibe a sexualidade e suprime sentimentos de tristeza. Contraímos nossa barriga para dentro para controlar nossas lágrimas e soluços, se a soltássemos, estaríamos sujeitos a ter uma verdadeira crise de choro, mas também abrimos a possibilidade de uma verdadeira gargalhada. Seja chorando ou rindo, é na barriga que experienciamos a vida a um nível visceral. É aqui que a vida é concebida e desenvolvida, onde os nossos mais profundos desejos têm origem. Se desejar suprimir seus sentimentos, mantenha a barriga tensa, mas, neste caso, precisará aceitar o fato de não ser uma pessoa vibrantemente viva. E se sentir um vazio interno, perceba que está bloqueando sua própria plenitude de ser.
A onda expiatória começa na boca e flui para baixo. Quando ela alcança a pelve, esta estrutura move-se suavemente para frente. A expiração induz ao relaxamento de todo o corpo. Você libera o ar retido nos pulmões e, neste processo, libera toda e qualquer outra retenção. As pessoas que tem medo de se soltar apresentam dificuldades para uma expiração. Mesmo depois de uma expiração forçada, seu peito permanece um pouco inflado.
O peito inflado é uma defesa contra um sentimento de pânico, ao qual está relacionado ao medo de não ser capaz de conseguir ar suficiente. O peito inflado retém uma larga reserva de ar, como medida de segurança. A pessoa tem medo de sair desta segurança ilusória. Por outro lado, as pessoas que têm medo de ir ativamente ao encontro do mundo, têm dificuldade de inspirar. Elas podem se sentir aterrorizadas ao abrirem suas gargantas para uma inspiração profunda.
A respiração também está vinculada à voz. Para produzir um som você precisa deslocar o ar através da laringe, e durante a emissão de um som pode-se ter certeza da respiração. Infelizmente muitas pessoas são inibidas a emitir um som alto. Algumas são vítimas do adágio segundo o qual crianças devem ser vista, mas não ouvidas, outras, sufocaram seu choro e seu grito para não gerar uma reação hostil dos pais e, muitas desenvolveram problemas porque foram severamente advertidas, enquanto crianças, a ficarem quietas. Sufocar estes sons produz uma severa constrição na garganta que limita seriamente a respiração. A negação, à criança, do direito de uso da própria voz pode levar à imagem de pessoas sem voz ativa em seus próprios assuntos.
Todo distúrbio da respiração natural é devido a padrões inconscientes de contenção ou tensões musculares. A Bioenergética não trata de fazer você respirar, mas deixar que você respire. A respiração natural que é fácil, profunda e espontânea. Existem dois mandamentos no trabalho, não prender a respiração. Deixar-se respirar, perceber quando não se está respirando. Se você tornar-se consciente que está prendendo sua respiração, dê um suspiro. O outro mandamento é emitir um som. Permita-se ser ouvido. Se você der um suspiro, faça-o audível.
Referência Bibliográfica: Exercícios de Bioenergética – O Caminho Para Uma Saúde Vibrante – Alexander Lowen e Leslie Lowen. Ed. Ágora.
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