quinta-feira, 28 de maio de 2015

Monografia: QUEM DANÇA É MAIS FELIZ - Parte 3

     Olá, vamos para mais uma parte da Monografia. O que acho mais interessante no estudo da psicologia é entender como funcionamos, é encontrar uma explicação ou apenas uma explanação para um contexto que é óbvio e que muitas vezes não tínhamos nos atentado. Nos deparamos com um texto, uma palestra ou uma aula que nos auxiliam a entender nossos comportamentos, e também das pessoas com quem nos relacionamos, e com esse entendimento, podemos nos aceitar mais, compreender e respeitar mais nossos próximos e quando necessário, ter base para uma mudança de atitude. Os capítulos de hoje são bem assim, simples e óbvios em seu conteúdo, e que muito nos auxiliam a entender o comportamento humano. O primeiro nos dá base para compreender porque a dança encanta seus praticantes, pura e simplesmente porque proporciona prazer! O segundo nos mostra que precisamos adequar a busca de prazer à realidade. E o último explana sobre como formamos nosso caráter.

     Quem quiser colaborar, participar ou apenas comentar pode usar o espaço dos comentários abaixo. Boa leitura!


QUEM DANÇA É MAIS FELIZ: AUMENTANDO A VITALIDADE POR MEIO DA BIOENERGÉTICA E DA DANÇA DE SALÃO 


Monografia apresentada para obtenção do título de Especialista em Psicoterapia Corporal no Curso de Pós Graduação em Psicologia Corporal, Instituto Reichiano.



Orientadora: Lana Mayer


5 PRINCÍPIO DO PRAZER

     O objetivo primário da vida é o prazer. “Esta é uma orientação biológica porque, a nível corporal, o prazer proporciona o bem-estar do organismo, e a própria vida” (LOWEN, 1982, p. 118). A dor, ao contrário, é sentida como uma ameaça ao organismo. Fugimos de situações dolorosas e buscamos as que proporcionem o prazer, quando a situação contém uma promessa de prazer, associada a uma ameaça de dor, sentimos ansiedade.
     O prazer é o resultado da satisfação de uma necessidade, por exemplo, comer quando se tem fome ou dormir quando se tem sono. Contudo, o conceito de prazer limitando-o à descarga de tensão ou satisfação das necessidades, para Lowen (1984), é muito estreito para envolver todo o comportamento humano, ele levanta outras situações que levam ao prazer: situações de desafio, como esportes competitivos, onde a tensão aumenta a quantidade de excitação; a excitação em si, quando associada com a liberação, é uma sensação de prazer, como no sexo; novidade é um elemento essencial ao prazer, a repetição de experiências idênticas é entediante; o crescimento, que faz parte do processo contínuo da vida, regozijamo-nos com a expansão e o desenvolvimento de nosso ser, com o aumento de nossa força, com o desenvolvimento da coordenação motora e de habilidades, com o crescimento das relações sociais e com o enriquecimento de nossa vida. “A pessoa saudável tem apetite para viver, aprender e assimilar novas experiências”. (LOWEN, 1984, p.56).
     É fácil compreender porque a dança atrai tanta gente, pois é uma atividade que proporciona muito prazer. O desafio de conseguir executar aquele passo, de dançar com aquele par ou aquela música rápida, de dançar como tal pessoa ou melhor que outro; a excitação de uma dança, de um baile, de uma aula com um professor idolatrado; um passo novo, uma técnica nova, um estilo novo; novos conhecimentos, melhor coordenação motora, maior flexibilidade, estimulo à criatividade e a auto-expressão, ampliação do círculo social; entre tantos outros motivos que proporcionam prazer e elevam a vitalidade de seus praticantes.
     Porém nem tudo na vida são prazeres. Para nos protegermos de possíveis desprazeres, construímos defesas levantando barreiras psicológicas e musculares, gerando uma atitude neurótica. Essas defesas atuam na forma de um padrão de comportamento chamado de caráter (o capítulo 7 aborda este tema). 
     O dilema entre o prazer e a dor inicia-se já na infância, entre pais e filhos. Para as crianças, os pais são fontes de prazer, pois proporcionam amor, comida, contato e estimulação sensorial. Quando os pais passam a privar o contato, ou frustrar as crianças e no decorrer do crescimento a punir e ameaçar, estes passam a estar vinculados, na mente das crianças, à possibilidade de dor. Para procurar abafar a ansiedade o indivíduo passa a ativar defesas e, quanto mais cedo na vida tiver surgido a ansiedade, mais profundamente estruturadas estarão suas defesas. O problema é que as defesas mantêm o indivíduo dentro do seu próprio conflito e diminuem a intensidade da vida e a vitalidade do corpo. (LOWEN, 1977). Por exemplo, uma criança que buscou o afeto dos pais no início de sua vida, mas que foi privada do carinho pode gerar uma defesa de independência e assim quando adulta não se permitir receber afeto de outras pessoas, mesmo que estas estejam disponíveis e ela anseie pelo contato.
    Lowen (1982) diz que a defesa não bloqueia totalmente todos os impulsos para o prazer, permitindo que certa quantidade passe pela barreira até certo ponto e em determinadas circunstâncias. Se o bloqueio fosse total levaria o organismo à morte, sendo a morte a defesa total contra a ansiedade. Porém toda defesa é uma limitação da vida e também uma morte parcial.
    Se entendermos o sentimento de prazer como um movimento expansivo do corpo, na forma de abertura, de busca, de estabelecimento de contato, o movimento inverso, de retraimento, contenção ou retenção podem ser relacionadas a um sentimento de desprazer, podendo inclusive provocar ansiedade ou dor. A dor é o resultado de uma pressão gerada por um impulso que não pôde ser descarregado, que encontrou um bloqueio. Para evitar a dor ou a ansiedade o organismo gera uma defesa suprimindo o impulso, assim a pessoa não sentirá o desprazer, mas também não experimentará o prazer. A supressão do impulso para o prazer, além de reduzir a energia do indivíduo pode gerar distúrbios emocionais e físicos como citou Lowen:

A pessoa limitada pela presença de tensões musculares crônicas, que bloqueiam os canais de comunicação do coração e que limitam o fluxo de energia até a periferia do corpo, sofre de vários modos; sofre com a frustração e com a insatisfação de sua vida, sente ansiedade, sente-se deprimida, sente retraída e alienada, podendo até desenvolver alguns distúrbios somáticos. Dado que estas são as queixas que mais comumente se apresentam ao psiquiatra, deverse-ia admitir que, para eliminá-las, seria preciso recuperar a capacidade total de prazer daquele organismo. (LOWEN, 1982, p. 121).


6 PRINCÍPIO DA REALIDADE

     A busca natural do prazer de um organismo é normalmente suspensa em apenas dois casos: no interesse da sobrevivência e em nome de um prazer maior. Em circunstâncias que ameaçam a vida do indivíduo, o prazer e a criatividade passam a ser irrelevantes, o mais importante é sobreviver, a pessoa suportará a dor e passará sem o prazer para continuar viva. No segundo caso, o indivíduo poderá adiar a gratificação imediata de uma necessidade ou de um desejo se for para levá-lo a um prazer maior no futuro. De igual forma tolerará certa dose de dor objetivando alcançar algo que prometa um prazer significante. (LOWEN, 1984). A este segundo caso se dá o nome de princípio da realidade.
     O princípio da realidade, em oposição ao do prazer, exige a aceitação de um estado de tensão e o adiamento do prazer de acordo com demandas de situações externas. Por outro lado, promete que tal ação levará a um prazer maior ou ao evitamento de uma dor maior, no futuro. (LOWEN, 1977).
Na criança, a descarga é imediata, pois ela não tem função motora desenvolvida para suporta e administrar a tensão. Na medida em que o organismo se desenvolve, adquire consciência e habilidades motoras e com isso a capacidade de contenção e expressão consciente do impulso, escolhendo quando e como poderá expressar ou descarregar a tensão ou excitação, de acordo com a realidade externa. (DAL-RI, 2010). 
     O adiamento do prazer imediato não pode ser considerado um ato destrutivo, muitas vezes para se atingir um objetivo que possa ser desfrutado é necessário muito esforço e sacrifício, como um dançarino que se prepara para um grande espetáculo que precisa disponibilizar muito tempo se dedicando à aulas, exercícios, treinos e ensaios, e quando chega no dia da apresentação e tudo ocorre perfeitamente, a sensação de prazer é imensa. Há uma descarga proporcional a todas as tensões e energias acumuladas durante todo o processo de preparação, é um êxtase. “O prazer continuará a ser o principal objeto do indivíduo”. (LOWEN, 1984, p. 71).
     Lowen (1977, p.55) definiu saúde como “a habilidade de um organismo em manter seu ritmo de pulsação dentro dos limites do princípio da realidade”. 


7 CARÁTER

     A pessoa adulta atua simultaneamente em dois níveis: no mental ou psíquico, e no físico ou somático. Para se manter uma personalidade saudável os níveis de funcionamento mental e físico no indivíduo devem atuar em cooperação. Se existem conflitos na personalidade (sentimento e comportamento), estes criam bloqueios à livre manifestação de impulsos e sentimentos. Estes bloqueios limitam a capacidade da pessoa a buscar no mundo à sua volta a satisfação de suas necessidades, nesta medida, os bloqueios representam uma redução da capacidade de sentir prazer.
     No início, as inibições são conscientes e servem para livrar a pessoa de mais conflitos e dores. Porém, a contração consciente e voluntária demanda um investimento de energia que não pode ser mantida por tempo indeterminado. Então se faz necessário inibir o sentimento indefinidamente, dado que expressá-lo é algo inaceitável, o ego abandona o controle sobre o ato e retira a energia do impulso. A inibição do impulso passa a ser inconsciente e os músculos devem permanecer contraídos pela falta de energia necessária à sua expansão e descontração.
     De acordo com Lowen (1982), a rendição deste impulso tem duas conseqüências: a parte da musculatura a qual se retirou a energia entra em contração crônica ou em espasticidades e impossibilita a expressão dos sentimento inibidos. A pessoa passa assim a não sentir mais o desejo inibido, não que este desapareceu, ele apenas passa a ficar adormecido e distante da consciência. Porém sob condições de extrema tensão ou provocação, o impulso pode tornar-se novamente carregado e romper o bloqueio. A outra consequência é a diminuição do metabolismo de energia do organismo. As tensões musculares crônicas impedem uma boa respiração interferindo no processo metabólico e diminuindo o nível energético do indivíduo.
     O baixo nível energético faz com que o indivíduo faça ajustes em seu modo de vida, passando a evitar situações que evoquem seus sentimentos suprimidos. A defesa (couraça) gerada pelo indivíduo para se proteger do impulso ou sentimento, atua a nível psíquico e corporal. O conjunto de defesas desenvolvido pela pessoa é chamado de caráter e este passa a determinar o seu modo de ser e comportar-se, gerando certa padronização de ações com base num modo de se defender que deu certo.
     Porém esse modo de viver, restringindo a pulsação como forma de proteção, leva o indivíduo a viver por trás de um muro alto, permitindo-lhe viver e agir de modo limitado e sobre uma área bastante restrita, limitando a busca do prazer fora de si.


REFERÊNCIAS
DAL-RI, Adriana. Análise Bioenergética. Apostila (Curso de Formação em Psicologia Corporal) – Instituto Reichiano, Curitiba, 2010.
LOWEN, Alexander. O Corpo em terapia: a abordagem bioenergética. São Paulo: Summus, 1977.
LOWEN, Alexander. Bioenergética. São Paulo: Summus, 1982.
LOWEN, Alexander. Prazer: uma abordagem criativa da vida. São Paulo: Summus, 1984.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Monografia: QUEM DANÇA É MAIS FELIZ - Parte 2

     Olá pessoal! Vamos para a segunda parte da publicação da Monografia! Nesta temos um entendimento de como surgiu e como trabalha a Psicologia Corporal e também a Bioenergética, que é uma de suas linhas terapêuticas e que foi utilizada como base para o desenvolvimento deste estudo. Por último, nesta segunda parte, um entendimento sobre Energia, um conceito muito comentado mas talvez pouco compreendido em seu funcionamento.
  
     Estes capítulos são muito interessantes para compreendermos nossos comportamentos e atitudes e porque muitas vezes é difícil de mudá-los. Boa leitura! E não exitem em comentar, questionar e compartilhar! ;)


QUEM DANÇA É MAIS FELIZ: AUMENTANDO A VITALIDADE POR MEIO DA BIOENERGÉTICA E DA DANÇA DE SALÃO 


Monografia apresentada para obtenção do título de Especialista em Psicoterapia Corporal no Curso de Pós Graduação em Psicologia Corporal, Instituto Reichiano.



Orientadora: Lana Mayer


2 A ORIGEM DA PSICOLOGIA CORPORAL


    Wilhelm Reich viveu de 1897 a 1957 e foi discípulo de Freud. Na década de 1930, começou a trabalhar diretamente com o corpo dos pacientes, com uma técnica que visava especificamente aprofundar e liberar a respiração, a fim de melhorar e intensificar a experiência emocional. Associou à psicanálise a observação do corpo, das expressões dos olhos e da face, da qualidade da voz e dos padrões de tensão muscular; descreveu o que nós chamamos hoje de linguagem corporal (WEIGAND, 2005).
    Reich lançou as bases para uma psicologia somática, e desde então muitas terapias corporais foram se desenvolvendo, como a Análise Bioenergética criada por Alexander Lowen e John Pierrakos, a Psicologia Biodinâmica desenvolvida por Gerda Boyesen, a Psicologia Formativa de Stanley Keleman, a Biossíntese de Boadella, entre outras.



3 PSICOLOGIA CORPORAL E BIOENERGÉTICA

    Sendo o indivíduo um organismo, o que afeta a mente afeta o corpo e o que afeta o corpo afeta a mente. O que se pensa influência o que se sente, e vice-versa.
    Toda ameaça ou situação de pressão produz um estado de tensão no corpo. Essas ameaças podem ser externas, como vindas da relação com outras pessoas, de sistemas sociais ou situações vividas, ou internas, como sentimentos, emoções ou excitações maiores que o organismo pode lidar. Quando a pressão é aliviada a tensão normalmente desaparece. Porém quando a ameaça foi muito traumática ou persistente, as reações posturais que adotamos no momento como contrair a musculatura, prender a respiração, se encolher, se esconder ou colapsar tornam-se parte contínua da estrutura do indivíduo.
Essa tensão que passa a ser crônica após ter sido removida a pressão assume a forma de uma atitude física inconsciente, perturbando a saúde emocional e reduzindo a vitalidade do indivíduo através da diminuição da energia, da restrição da ação espontânea e natural, da movimentação muscular e da limitação da auto-expressão. (LOWEN, 1985).
    A Bioenergética, que foi utilizada como base para o desenvolvimento dos estudos para este trabalho, foi definida por Lowen & Lowen (1985, p. 11) como “uma maneira de entender a personalidade em termos do corpo e de seus processos energéticos.” Esses processos referem-se à produção de energia através da respiração e do metabolismo, e à descarga de energia no movimento, ambas as funções básicas da vida. Bioenergética também é uma “forma de terapia que combina o trabalho com o corpo e com a mente para ajudar as pessoas a resolverem seus problemas emocionais e melhor perceberem o seu potencial para o prazer e para a alegria de viver”. (LOWEN & LOWEN, 1985, p. 11).
    Os princípios e a prática da terapia bioenergética se baseiam na identidade funcional entre corpo e mente, o que significa que qualquer mudança na maneira de pensar, sentir ou comportar-se de uma pessoa, está condicionada a uma mudança no seu corpo. De acordo com Lowen (1984, p.30) as duas funções mais importante a esse respeito são a respiração e os movimentos. “Essas duas funções encontram-se perturbadas em toda pessoa por conflitos emocionais através de tensões musculares que são o lado físico dos conflitos psicológicos. Através dessas tensões musculares os conflitos são estruturados pelo corpo”. Para afrouxar essas tensões deve-se vê-las como limitações da auto-expressão, pois quando uma tensão passa a tornar-se crônica, é retirada do consciente e perdemos a percepção da tensão e da dor.
    “Estar cheio de vida é respirar profundamente, mover-se livremente e sentir com intensidade. Essas verdades não podem ser ignoradas se valorizamos a vida e o prazer”. (LOWEN, 1984, p. 31).



4 ENERGIA

    Faz se fundamental entendermos a energia e como ela atua no corpo para compreendermos o funcionamento humano. A energia está envolvida em todos os processos vitais, nos movimentos, sentimentos e pensamentos, os mesmos chegariam ao fim se a fonte energética do organismo se esgotasse.
   A produção de energia se dá através da combustão dos alimentos. Esse processo de transformar o alimento em energia envolve o uso do oxigênio. O nível de combustão está ligado à quantidade de oxigênio disponível. Mais oxigênio cria um fogo mais quente e produz mais energia. O equilíbrio entre carga e descarga de energia, faz-se importante para a existência do organismo. É necessário que se mantenha o nível de energia coerente às suas necessidades e oportunidades. A produção de energia “é diretamente determinada pela quantidade e tipo de comida que ingerimos, pela quantidade de ar que respiramos e pela energia que o corpo precisa”. (LOWEN, 1982, p. 208).
    O sangue é “o fluido energeticamente carregado do corpo. Sua chegada a qualquer parte do corpo significa vida, calor e excitação para aquela parte”. Na medida em que o sangue flui através do corpo, transporta metabólitos e oxigênio para os tecidos, fornecendo a eles energia e removendo os produtos residuais da combustão. (LOWEN, 1982, p. 45).
    Todas as atividades, desde a batida do coração ao falar, trabalhar ou dançar requerem e utilizam energia. Contudo, nenhum organismo vivo é uma máquina, funcionando mecanicamente, suas atividades são expressões do seu ser. Para Lowen (1982), quando o ser se expressa de forma livre e apropriada à realidade da situação experimentará uma sensação de prazer e satisfação produzida pela descarga da energia. Esse prazer e satisfação, por sua vez, estimulam o organismo a aumentar a atividade metabólica.
    No estado de prazer e satisfação, que é atingido através da auto-expressão, as atividades rítmicas e involuntárias da vida passam a funcionar em ótimo nível. Mas se a capacidade do indivíduo em expressar suas idéias e sentimentos for limitada por inibições ou tensões musculares crônicas, sua capacidade de sentir prazer também será reduzida e inconscientemente irá diminuir sua produção de energia para manter um equilíbrio energético no seu corpo. 
   Para Lowen (1982, p.115), a saúde é um estado de equilíbrio relativo entre a produção de energia e a descarga equivalente, dotado de certa dose extra de energia gasta em crescimento e para as funções reprodutoras. Quando a ingestão de alimentos é insuficiente, provoca a redução das reservas energéticas e o retardamento dos processo vitais. Por outro lado, quando o nível de descarga é inadequado, o resultado que se obtém logo é a ansiedade. Se a intensidade da carga aumenta, a um ponto no qual ameaça a integridade dos elementos estruturais do organismo, a dor será experienciada.
    Os conflitos internos fazem com que o indivíduo não funcione em seu potencial energético total. Cada vez que estes conflitos são resolvidos aumenta o nível de energia, a pessoa carrega e descarrega mais energia em atividades que levam ao prazer. Quanto mais energia livre para ser utilizada em movimentos e expressões, melhor condição a pessoa tem para enfrentar as situações. “A quantidade de energia que uma pessoa tem e como a usa determinam o modo como ela responde às situações da vida” (LOWEN 1985, p.11). 


REFERÊNCIAS
LOWEN, Alexander. Bioenergética. São Paulo: Summus, 1982.
LOWEN, Alexander. Prazer: uma abordagem criativa da vida. São Paulo: Summus, 1984.
LOWEN, Alexander; LOWEN, Leslie. Exercícios de bioenergética: o caminho para uma saúde vibrante. São Paulo: Ágora, 1985.
WEIGAND, Odilia. Grounding na Análise Bioenergética: Uma proposta de atualização. Tese (Mestrado em Psicologia Clínica) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2005.

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Monografia: QUEM DANÇA É MAIS FELIZ - Parte 1

     Em 2009, por sugestão de uma aluna, comecei este Blog com o intuito de falar de Dança de Salão e divulgar meu trabalho como professor, nos últimos dois anos ele ficou praticamente inativo, agora retomo a atividade e começo publicando minha monografia de conclusão da Especialização em Psicoterapia Corporal, onde usei por base a Bioenergética, uma das linhas da Psicologia Corporal, para auxiliar na compreensão das limitações e dificuldades dos alunos e praticantes de Dança de Salão. O conteúdo é muito interessante para estudantes, professores e praticantes da modalidade, espero que seja útil para o desenvolvimento dançante e também pessoal dos leitores! 

     O conteúdo da monografia será publicado aqui no Blog em partes e semanalmente, para que seja mais fácil de acompanhar, para que haja um tempo para assimilar e também para que possa ser comentado e discutido. 

     Boa leitura!!! Aproveitem o espaço de comentários para expor suas experiências, dúvidas e ideias! Abraço!

     Hoje começamos com o Resumo e a Introdução  ;)



QUEM DANÇA É MAIS FELIZ: AUMENTANDO A VITALIDADE POR MEIO DA BIOENERGÉTICA E DA DANÇA DE SALÃO 


Monografia apresentada para obtenção do título de Especialista em Psicoterapia Corporal no Curso de Pós Graduação em Psicologia Corporal, Instituto Reichiano.

Orientadora: Lana Mayer


RESUMO


O presente trabalho tem como objetivo o estudo da Psicologia Corporal para melhor compreender alunos e praticantes de Dança de Salão em suas limitações e dificuldades. Foi utilizado como base de estudo a Bioenergética, uma das linhas da Psicologia Corporal. Defesas psicológicas e somáticas, criadas para proteger da dor e do estresse, que com o tempo se tornam inconscientes, criam padrões corporais e comportamentais, limitando a capacidade da pessoa à busca da satisfação de suas necessidades e reduzindo sua capacidade de sentir prazer. A quantidade de energia que o indivíduo possui determina como ele vive e enfrenta situações diárias, as defesas psicológicas e somáticas interferem no fluxo e na produção da energia, diminuindo a vitalidade e levando o organismo a funcionar aquém do seu potencial. Aspectos como respiração, mobilidade e auto-expressividade, essenciais para a prática da dança de salão, estão comprometidos pela baixa quantidade de energia disponível e pelo bloqueio do seu fluxo ao longo do corpo. A prática da dança auxilia a atingir melhores resultados nestes aspectos e com isso produzir mais energia, aumentar a vitalidade e aumentar a capacidade de sentir prazer.


1 INTRODUÇÃO

A Dança de Salão na sala de aula me levou a muitos questionamentos sobre o indivíduo e o método de trabalho. Questionamentos estes que foram surgindo pela comparação entre os alunos e principalmente sobre dificuldades tanto minhas enquanto dançarino, quanto dos próprios alunos, em evoluir e melhorar a qualidade da dança ou simplesmente em conseguir sentir prazer com a atividade. Dificuldades que iam desde coordenação e ritmo, passando por posturas e dificuldades de contato, avançando até emoções como ansiedade, insegurança, tensões ou ausência de sentimentos durante a dança.
Aliado a isto, existia uma curiosidade científica que havia surgido antes de lecionar dança de salão, enquanto era apenas praticante. Durante a dança com uma dama, conseguia perceber características da sua personalidade como independência, ansiedade, insegurança, dificuldade de contato, controle, etc. Essas leituras me levaram a querer estudar e a entender porque o comportamento que as pessoas apresentam na sociedade, no trabalho, enfim, em suas relações, se repetem na dança.
As dificuldades encontradas no desenvolvimento do trabalho, somadas a esta curiosidade pessoal e, aliadas à escassez de referências teóricas e bibliográficas sobre a dança, me instigaram a buscar respostas no estudo da Psicologia. Como se tratava de comportamento na dança, não poderia separar corpo e mente, então optei pela Psicologia Corporal.
Durante o período da especialização procurei fazer a ligação das teorias com a prática da dança, fiz observações e experimentações, passei a buscar entender o aluno em sua individualidade, com suas dificuldades e suas defesas e não apenas como um executor de movimentos. Comecei a perceber e a compreender os fatores que limitam a nossa vitalidade e como isso reflete na dança. A partir daí, passei a trabalhar com a premissa de que a dança pode proporcionar mais vitalidade e consequentemente maior prazer ao praticante.
Para desenvolver este estudo de conclusão escolhi seguir a Análise Bioenergética de Alexander Lowen, uma das linhas da Psicologia Corporal. Escolha feita pela identificação com sua teoria e técnicas, que possibilitam trabalhar com o corpo na posição vertical, da mesma forma como trabalhamos a dança de salão.
Procurei adotar uma linguagem simples e de fácil compreensão para que o conteúdo possa ser entendido não apenas por praticantes e estudantes de psicologia, mas principalmente por pessoas ligadas a dança e que queiram aprofundar compreensões e conhecimentos a respeito do tema.