quinta-feira, 21 de maio de 2015

Monografia: QUEM DANÇA É MAIS FELIZ - Parte 2

     Olá pessoal! Vamos para a segunda parte da publicação da Monografia! Nesta temos um entendimento de como surgiu e como trabalha a Psicologia Corporal e também a Bioenergética, que é uma de suas linhas terapêuticas e que foi utilizada como base para o desenvolvimento deste estudo. Por último, nesta segunda parte, um entendimento sobre Energia, um conceito muito comentado mas talvez pouco compreendido em seu funcionamento.
  
     Estes capítulos são muito interessantes para compreendermos nossos comportamentos e atitudes e porque muitas vezes é difícil de mudá-los. Boa leitura! E não exitem em comentar, questionar e compartilhar! ;)


QUEM DANÇA É MAIS FELIZ: AUMENTANDO A VITALIDADE POR MEIO DA BIOENERGÉTICA E DA DANÇA DE SALÃO 


Monografia apresentada para obtenção do título de Especialista em Psicoterapia Corporal no Curso de Pós Graduação em Psicologia Corporal, Instituto Reichiano.



Orientadora: Lana Mayer


2 A ORIGEM DA PSICOLOGIA CORPORAL


    Wilhelm Reich viveu de 1897 a 1957 e foi discípulo de Freud. Na década de 1930, começou a trabalhar diretamente com o corpo dos pacientes, com uma técnica que visava especificamente aprofundar e liberar a respiração, a fim de melhorar e intensificar a experiência emocional. Associou à psicanálise a observação do corpo, das expressões dos olhos e da face, da qualidade da voz e dos padrões de tensão muscular; descreveu o que nós chamamos hoje de linguagem corporal (WEIGAND, 2005).
    Reich lançou as bases para uma psicologia somática, e desde então muitas terapias corporais foram se desenvolvendo, como a Análise Bioenergética criada por Alexander Lowen e John Pierrakos, a Psicologia Biodinâmica desenvolvida por Gerda Boyesen, a Psicologia Formativa de Stanley Keleman, a Biossíntese de Boadella, entre outras.



3 PSICOLOGIA CORPORAL E BIOENERGÉTICA

    Sendo o indivíduo um organismo, o que afeta a mente afeta o corpo e o que afeta o corpo afeta a mente. O que se pensa influência o que se sente, e vice-versa.
    Toda ameaça ou situação de pressão produz um estado de tensão no corpo. Essas ameaças podem ser externas, como vindas da relação com outras pessoas, de sistemas sociais ou situações vividas, ou internas, como sentimentos, emoções ou excitações maiores que o organismo pode lidar. Quando a pressão é aliviada a tensão normalmente desaparece. Porém quando a ameaça foi muito traumática ou persistente, as reações posturais que adotamos no momento como contrair a musculatura, prender a respiração, se encolher, se esconder ou colapsar tornam-se parte contínua da estrutura do indivíduo.
Essa tensão que passa a ser crônica após ter sido removida a pressão assume a forma de uma atitude física inconsciente, perturbando a saúde emocional e reduzindo a vitalidade do indivíduo através da diminuição da energia, da restrição da ação espontânea e natural, da movimentação muscular e da limitação da auto-expressão. (LOWEN, 1985).
    A Bioenergética, que foi utilizada como base para o desenvolvimento dos estudos para este trabalho, foi definida por Lowen & Lowen (1985, p. 11) como “uma maneira de entender a personalidade em termos do corpo e de seus processos energéticos.” Esses processos referem-se à produção de energia através da respiração e do metabolismo, e à descarga de energia no movimento, ambas as funções básicas da vida. Bioenergética também é uma “forma de terapia que combina o trabalho com o corpo e com a mente para ajudar as pessoas a resolverem seus problemas emocionais e melhor perceberem o seu potencial para o prazer e para a alegria de viver”. (LOWEN & LOWEN, 1985, p. 11).
    Os princípios e a prática da terapia bioenergética se baseiam na identidade funcional entre corpo e mente, o que significa que qualquer mudança na maneira de pensar, sentir ou comportar-se de uma pessoa, está condicionada a uma mudança no seu corpo. De acordo com Lowen (1984, p.30) as duas funções mais importante a esse respeito são a respiração e os movimentos. “Essas duas funções encontram-se perturbadas em toda pessoa por conflitos emocionais através de tensões musculares que são o lado físico dos conflitos psicológicos. Através dessas tensões musculares os conflitos são estruturados pelo corpo”. Para afrouxar essas tensões deve-se vê-las como limitações da auto-expressão, pois quando uma tensão passa a tornar-se crônica, é retirada do consciente e perdemos a percepção da tensão e da dor.
    “Estar cheio de vida é respirar profundamente, mover-se livremente e sentir com intensidade. Essas verdades não podem ser ignoradas se valorizamos a vida e o prazer”. (LOWEN, 1984, p. 31).



4 ENERGIA

    Faz se fundamental entendermos a energia e como ela atua no corpo para compreendermos o funcionamento humano. A energia está envolvida em todos os processos vitais, nos movimentos, sentimentos e pensamentos, os mesmos chegariam ao fim se a fonte energética do organismo se esgotasse.
   A produção de energia se dá através da combustão dos alimentos. Esse processo de transformar o alimento em energia envolve o uso do oxigênio. O nível de combustão está ligado à quantidade de oxigênio disponível. Mais oxigênio cria um fogo mais quente e produz mais energia. O equilíbrio entre carga e descarga de energia, faz-se importante para a existência do organismo. É necessário que se mantenha o nível de energia coerente às suas necessidades e oportunidades. A produção de energia “é diretamente determinada pela quantidade e tipo de comida que ingerimos, pela quantidade de ar que respiramos e pela energia que o corpo precisa”. (LOWEN, 1982, p. 208).
    O sangue é “o fluido energeticamente carregado do corpo. Sua chegada a qualquer parte do corpo significa vida, calor e excitação para aquela parte”. Na medida em que o sangue flui através do corpo, transporta metabólitos e oxigênio para os tecidos, fornecendo a eles energia e removendo os produtos residuais da combustão. (LOWEN, 1982, p. 45).
    Todas as atividades, desde a batida do coração ao falar, trabalhar ou dançar requerem e utilizam energia. Contudo, nenhum organismo vivo é uma máquina, funcionando mecanicamente, suas atividades são expressões do seu ser. Para Lowen (1982), quando o ser se expressa de forma livre e apropriada à realidade da situação experimentará uma sensação de prazer e satisfação produzida pela descarga da energia. Esse prazer e satisfação, por sua vez, estimulam o organismo a aumentar a atividade metabólica.
    No estado de prazer e satisfação, que é atingido através da auto-expressão, as atividades rítmicas e involuntárias da vida passam a funcionar em ótimo nível. Mas se a capacidade do indivíduo em expressar suas idéias e sentimentos for limitada por inibições ou tensões musculares crônicas, sua capacidade de sentir prazer também será reduzida e inconscientemente irá diminuir sua produção de energia para manter um equilíbrio energético no seu corpo. 
   Para Lowen (1982, p.115), a saúde é um estado de equilíbrio relativo entre a produção de energia e a descarga equivalente, dotado de certa dose extra de energia gasta em crescimento e para as funções reprodutoras. Quando a ingestão de alimentos é insuficiente, provoca a redução das reservas energéticas e o retardamento dos processo vitais. Por outro lado, quando o nível de descarga é inadequado, o resultado que se obtém logo é a ansiedade. Se a intensidade da carga aumenta, a um ponto no qual ameaça a integridade dos elementos estruturais do organismo, a dor será experienciada.
    Os conflitos internos fazem com que o indivíduo não funcione em seu potencial energético total. Cada vez que estes conflitos são resolvidos aumenta o nível de energia, a pessoa carrega e descarrega mais energia em atividades que levam ao prazer. Quanto mais energia livre para ser utilizada em movimentos e expressões, melhor condição a pessoa tem para enfrentar as situações. “A quantidade de energia que uma pessoa tem e como a usa determinam o modo como ela responde às situações da vida” (LOWEN 1985, p.11). 


REFERÊNCIAS
LOWEN, Alexander. Bioenergética. São Paulo: Summus, 1982.
LOWEN, Alexander. Prazer: uma abordagem criativa da vida. São Paulo: Summus, 1984.
LOWEN, Alexander; LOWEN, Leslie. Exercícios de bioenergética: o caminho para uma saúde vibrante. São Paulo: Ágora, 1985.
WEIGAND, Odilia. Grounding na Análise Bioenergética: Uma proposta de atualização. Tese (Mestrado em Psicologia Clínica) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2005.

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