quinta-feira, 2 de julho de 2015

Monografia: QUEM DANÇA É MAIS FELIZ - Parte 8

     Olá pessoal! Já estamos chegando ao fim da Monografia. Este capítulo fala sobre Mobilidade, tópico super pertinente à dança. A qualidade dos  nossos movimentos reflete diretamente na nossa expressão, espontaneidade, criatividade, prazer e dança!
     Boa leitura!!!


QUEM DANÇA É MAIS FELIZ: AUMENTANDO A VITALIDADE POR MEIO DA BIOENERGÉTICA E DA DANÇA DE SALÃO 


Monografia apresentada para obtenção do título de Especialista em Psicoterapia Corporal no Curso de Pós Graduação em Psicologia Corporal, Instituto Reichiano.



12 MOBILIDADE

     A mobilidade natural do corpo se refere aos movimentos espontâneos ou involuntários sobre os quais são sobrepostos os movimentos conscientes maiores. Para Lowen (1984, p. 42), a mobilidade de uma pessoa se reflete na vitalidade de sua expressão facial, na qualidade de seus gestos e na extensão de suas reações emocionais. “A mobilidade corporal é a base de toda espontaneidade, que por sua vez é ingrediente essencial tanto do prazer como da criatividade”. Todo espasmo muscular crônico é uma limitação da liberdade do movimento e expressão do indivíduo. É portanto uma restrição da sua capacidade de prazer.
     Um corpo vivo está em constante movimento, só na morte ele está totalmente parado. Um corpo sadio está em constante estado de vibração, quer desperto ou dormindo, ondas pulsatórias se desenvolvem e se espalham pelo corpo como no batimento cardíaco que pulsa através das artérias e nos movimentos peristálticos do intestino, por exemplo. Lowen (1984, p. 42) relata que as ondas respiratórias associadas com os movimentos da respiração são as ondas pulsantes básicas do corpo e que quando essas ondas passam pelo corpo, ativam todo sistema muscular. A respiração fornece a energia para os movimentos.

A limitação da respiração impõe uma limitação sobre toda a mobilidade do corpo. (...) Sua livre movimentação garante a espontaneidade dos sentimentos e sua expressão. Isso significa que enquanto a respiração for plena e completa, não há bloqueios para o fluxo de sentimentos. A respiração leva ao movimento que é o veículo para a expressão do sentimento. (LOWEN 1984, p.42).

     Uma carga energética na musculatura produz a vibração, como uma corrente que passa por um fio elétrico. A falta de vibração é uma indicação de que a corrente de excitação ou carga está ausente ou muito reduzida. A qualidade de vibração de um corpo diz em que condições ele está. Quando há saúde, as vibrações do corpo são relativamente leves e constantes, como o som do motor de um carro em funcionamento. Quando o motor do carro é desligado, as vibrações cessam. “Da mesma forma, podemos dizer que indivíduos cujos corpos não vibram estão mortos emocionalmente.” (LOWEN, 1984, p. 42). Por outro lado, um corpo que treme violentamente é como um carro com o motor desregulado. Vibrações abruptas num corpo são sinal de que a excitação ou carga não está fluindo livremente, que está passando através de músculos espáticos ou cronicamente tensos. “Quando as tensões são aliviadas ou o músculo relaxa, as vibrações tornam-se mais sutis, dificilmente perceptíveis na superfície e são experienciadas como um delicioso ronronar.” É melhor tremer a não vibrar de jeito nenhum. Existem condições onde o corpo treme devido a uma carga extremamente intensa, como raiva, medo e agitos de soluço, momentos de plena vitalidade. (LOWEN & LOWEN, 1985, p. 16).
     Lowen (1984, p. 43) adere os “problemas de regulagem” no corpo humano às tensões musculares crônicas que “desenvolvem-se como inibições de impulsos e não podem ser eliminadas definitivamente a não ser pela liberação do movimento inibido.” Todo músculo cronicamente tenso é um músculo contraído que precisa ser estirado para ativar seu potencial de movimento. O estiramento do músculo, um tecido elástico, faz com que ele vibre levemente ou até num forte tremor, dependendo do grau de tensão e extensão. Qualquer que sejam suas qualidades, as vibrações servem para afrouxar a contratilidade crônica dos músculos.
     Quando o fluxo de uma excitação, como prazer, angústia ou raiva, por exemplo, é inibido, a musculatura é contraída, fazendo com que ela enrijeça e gere a hipertonia. Quando o impulso é recuado para o inconsciente e deixamos de fazer contato com ele, a área do corpo que deveria estar envolvida na expressão é amortecida, perdendo os sentimentos e sensações normais, ocasionando a hipotonia. Para entender as alterações do tônus muscular, é importante considerar os fluxos de energia no organismo, dado que a hipotonia muscular está intimamente ligada a condições de baixa carga na região afetada. A falta de tônus, que é o gerador de limite, permite que a energia vaze, Na região hipertônica há grande concentração de energia, porém preza. (REGO, 2008).
     Uma boa mobilidade faz-se necessário para ser tornar um bom dançarino. As tensões musculares crônicas limitam a liberdade do movimento e por consequência a expressão do dançarino. Quanto mais rígido o corpo, mais limitados e mecânicos são os movimentos e, menos graciosidade e sentimento possuem, o que faz com que a dança seja sem expressão e por consequência sem vitalidade. O cavalheiro com essa característica tende a apresentar conduções mais fortes, muitas vezes sendo brutas e desconfortáveis, e as damas, por sua vez, com a musculatura dos braços e ombros contraídos, à limitar a condução dos movimentos e a serem mais pesadas para conduzir. Quanto mais amortecido ou mole o corpo menos energia ele possui, mais lentos e descoordenados são seus movimentos, menores seus reflexos, e mais baixa sua resistência. O dançarino com essa característica possui pouca identificação com o corpo e seus movimentos aparentam um grande esforço, o cavalheiro apresenta dificuldades para que sua condução seja compreendida e a dama não responde a conduções ou a faz de forma lenta e atrasada. A dança é uma ótima forma de tonificar a hipotonia, fazendo com que o corpo se carregue com mais energia e que adquira mais firmeza e resistência. Em compensação, se mal trabalhada pode aumentar a rigidez em hipertonias e contrair musculaturas normais.


REFERÊNCIAS
REGO, Ricardo Amaral. A vida é dura para quem é mole: Considerações sobre aspectos psicológicos da hipotonia muscular. Monografia (Formação em Análise Bioenergética) – Instituto de Análise Bioenergética de São Paulo, São Paulo, 2008.
LOWEN, Alexander. Prazer: uma abordagem criativa da vida. São Paulo: Summus, 1984.
LOWEN, Alexander; LOWEN, Leslie. Exercícios de bioenergética: o caminho para uma saúde vibrante. São Paulo: Ágora, 1985.


     Um conteúdo a mais podem ser encontrado numa postagem que escrevi aqui do Blog em 2012, O Tônus Muscular na Dança de Salão, inclusive ela contribuiu para este capítulo da Monografia.


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